Force Downs
Acredito que uma das razões que explica o sucesso do Twitter é a possibilidade de seguir pessoas famosas que normalmente não estão ao alcance dos cidadãos comuns. De repente, esse cidadão pode acompanhar em tempo real o dia-dia e as opiniões de celebridades normalmente inacessíveis, como políticos, esportistas, artistas, modelos, apresentadores de TV, etc.  O que realmente pensam? O que estão fazendo nesse exato momento em que você, por exemplo, está no trânsito esperando para chegar em casa? Essa sincronicidade de tempo gera proximidade, intimidade, de ambas as partes.
O interessante é analisar por qual razão as celebridades (não todas, claro) aderiram ao Twitter e o usam com intensidade. Há, evidentemente, a auto-propaganda; ser uma celebridade via de regra significa também saber ocupar os espaços, estar na mídia, e o Twittter é uma nova mídia, cujo potencial veio à tona na campanha do Obama à presidência dos EUA (obs: o Obama assumiu que não era ele quem tuitava).
Há, também, o ego. Celebridade que se preze tem um ego colossal (caso contrário não conseguiria lidar com a pressão e com a vigilância que a fama traz) e nada melhor para alimentar esse ego do que estar diretamente em contato com milhares, centenas de milhares de fãs. O número de seguidores diz muito sobre a influência de cada um. 
E tem mais: quem falar mal…pode ser sumariamente bloqueado, eliminando-se o problema. Assim, fica ao alcance de cada um evitar a crítica direta e selecionar só os elogios.
Mas acredito que existam outras razões menos óbvias e que não estão sendo comentadas. Eu pelo menos, não vi nada a respeito, embora não seja exatamente um ávido devorador de informações online. Acho que, pelo Twitter, o “famoso” pode mostrar seu lado “gente comum”, de uma maneira direta e sem intermediários. Pelo Twitter, não é mais aquele personagem que é retratado nas revistas, jornais e TV; não é necessariamente o famoso em seu horário de trabalho e, portanto, sujeito às restrições que o cargo lhe impõe.
Pelo Twitter, um pouco do ser humano real aparece. Afinal, toda celebridade acaba sendo muito mais o que se espera que ela seja do que o que ela é realmente. E o Twitter acerta um pouco essa conta. Esses famosos, justamente por não poderem ser eles mesmos em seu dia-a-dia dada a responsabilidade que têm, a imagem a zelar (o impacto de um escândalo como o que envolveu Tiger Woods certamente seria menor em alguém menos exposto), acabaram encontrando no Twitter uma maneira de mostrar quem realmente são – e o melhor, restrito a 140 caracteres, isto é, a exposição não é tão grande assim e o risco de escorregar, bem menor, embora existente (claro).
É possível que os famosos tenham essas necessidade até mais do que o cidadão comum, que não carrega um peso tão grande e que cujos erros tendem a ter impactos bem menos devastadores ou irreversíveis. Não sou uma celebridade, mas imagino que aquela sensação de ser famoso e ao mesmo tempo só, isolado, diminui via Twitter.
Também, via Twitter os famosos não correm o risco de ter uma frase retirada de contexto e ser amplificada de forma a prejudicá-lo, intencionalmente ou não. Não há a edição de um jornalista, por exemplo. É lógico que há o outro lado: falou besteira, não tem a quem culpar. Mas ainda assim pode ser mais confortável correr esse risco do que ter surpresas com interpretações equivocadas de terceiros, incompetência ou maldade mesmo. Em uma extensão  desse raciocínio, vale lembrar que o Twitter ainda não foi totalmente descoberto pela mídia. Ainda não são tão frequentes as matérias nas mídias tradicionais criticando ou ironizando o que os famosos tuitaram. É possível que, quando todas as mídias descobrirem esse “potencial”, os famosos se inibam mais e a nova ferramenta perca bastante sua força.
Enquanto isso não ocorre, o povo se diverte, acompanha seus ídolos, interage com eles de uma forma que nunca sonhou e, com isso, contribui para tornar o Twitter a febre que se tornou.

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